Confira a relevância do aço na expansão do MASP em São Paulo

23/11/2021 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço - Edição 60

O MASP é um cartão postal da cidade de São Paulo. Uma obra icônica, na opinião da projetista estrutural Heloisa Maringoni. “Tanto na arquitetura, assinada por Lina Bo Bardi, quanto na engenharia de Figueiredo Ferraz, marcada pelo desenvolvimento da técnica de protensão, pela ousadia do vão livre (74 m) e do sistema estrutural adotado”, avalia a titular do escritório Companhia de Projetos.

Heloisa Maringoni será responsável pelo projeto estrutural da expansão do museu paulistano, que adicionará mais 6.945 m² à sua área de exposição (aumento de 66%). Serão novas galerias, salas de aulas, reserva técnica para armazenamento de obras, laboratório de restauro, restaurante, loja e espaço para eventos — tudo distribuído nos 14 andares do edifício anteriormente chamado Dumont-Adams, vizinho da edificação principal do MASP.

O novo prédio será batizado de Pietro Maria Bardi, primeiro diretor artístico do museu, enquanto o edifício histórico do MASP será chamado de Lina Bo Bardi, arquiteta que o projetou – nomes, que somados ao de Assis Chateaubriand, completam o trio fundador do museu.

O que poucos sabem é que serão utilizadas aproximadamente 260 toneladas de aço nessa grandiosa obra. Afinal, a construção em aço viabilizará a adequação do vão e das alturas livres, proposta pela arquitetura do escritório Metro. “O sistema será usado no núcleo do edifício, desde o primeiro pavimento até a cobertura, e nas fachadas acima do 5º pavimento”, conta Heloisa Maringoni.

Segundo a engenheira Heloísa, o reforço em aço associado ao concreto do núcleo de circulação vertical oferece melhor estabilidade para o edifício, reduzindo as cargas de peso próprio e aumentando a carga útil das lajes, sem que seja necessário reforço das fundações. “Gostaria de reforçar que não se trata apenas de um prédio anexo, mas sim de um projeto de expansão de fato”, afirma.

A engenheira conta que os principais desafios são a duplicação das alturas livres e a remoção de grande parte da estrutura executada em 2012. “O prédio original tinha oito andares, com pé direito de 3,20 m em cada andar.

Em 2012, foi feito um complemento que era um mirante. Esse mirante se apoiava em uma torre central que vai ser demolida.

A manutenção da torre central inviabilizaria o espaço expositivo. Portanto, tudo vai ser demolido e as lajes serão reconstruídas com estrutura metálica - vamos ter pavimentos com um pé direito duplo de 6,40 m”, garante Maringoni.

Normalmente, em um processo convencional, ainda de acordo com a engenheira, toda a estrutura é demolida primeiro para depois fazer uma nova. Mas, neste projeto, a demolição e a construção seguem em paralelo, em um canteiro de obra extremamente reduzido e de acesso complicado.

“Acontece que existem partes a serem preservadas”, destaca. “Então, para fazer os dois procedimentos ao mesmo tempo, demolir e construir, temos que ir construindo travamentos para dar rigidez ao prédio. Isso é muito inovador. Pois vamos inserindo elementos que deem rigidez e estabilidade ao conjunto a medida que vamos demolindo elementos que não devem permanecer no edifício”.

A ligação entre os dois prédios será realizada por uma passarela subterrânea sob a rua Professor Otavio Mendes, obra que já foi autorizada pela Prefeitura de São Paulo.

O edifício terá certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), graças a soluções sustentáveis como o sistema de iluminação automatizado e com tecnologia LED, que reduzirá expressivamente o consumo de energia. Além disso, haverá uma fachada dupla que protegerá o empreendimento da radiação solar e sombreará as janelas, diminuindo a carga térmica interna.

Uma malha metálica, que revestirá a edificação, permitirá que uma camada de ar seja gerada entre o prédio e fachada externa. Heloisa explica que a solução será capaz de aliviar os sistemas de climatização e ventilação. “A malha permite que uma camada de ar se forme entre o edifício e fachada externa, criando um microclima. “Isso alivia o sistema de ventilação e climatização, além de reduzir o consumo de energia”, garante Heloisa Maringoni.

É importante ressaltar que a malha terá, além da função de proteção termoacústica dos espaços internos, a função arquitetônica, como criação de um volume complementar ao Edifício Lina Bo Bardi.

“Esse projeto está equiparado à tecnologia aplicada aos melhores museus do mundo e não conheço outra estrutura similar no Brasil”, avalia o arquiteto Júlio Neves, coautor do projeto com o escritório METRO Arquitetos Associados. “Acredito que o MASP em expansão será um caso ímpar de planejamento e modernidade em nosso País”.

A expansão do museu será totalmente financiada por doações de pessoas físicas e coroa o engajamento da sociedade privada; a entrega está prevista para janeiro de 2024.

Ficha Técnica:

Projeto Estrutura de Aço: Companhia de Projetos
Projeto Arquitetônico: METRO Arquitetos Associados - Martin Corullon e Gustavo Cedroni. Coautoria Júlio Neves
Execução da Obra: Implementação do projeto - Miriam Elwing, gerente de projetos e arquitetura no MASP, gerenciamento da obra - 
Tallento Engenharia e pré-construção - Racional Engenharia
Área Construída: 6.945 m²
Volume de Aço Empregado: 260 toneladas
Conclusão da Obra: Janeiro de 2024
Local: São Paulo, SP

Confira na íntegra.

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