03/12/2025 | Notícia
Há uma humanidade rara na Casa do Lago Corumbá IV, em Alexânia (GO). Não pela presença, mas pela ausência: o modo como ela deixa o vento passar, como permite que o horizonte invada seus espaços, como suspende o peso da matéria para que a luz ocupe o que antes era gravidade. Assinado pelo escritório Dayala e Rafael Arquitetos Associados, o projeto repousa sobre uma engenharia de mínima intervenção e máxima expressão.
A espinha dorsal da casa é o sistema em aço. Segundo o arquiteto Fábio Angelo Rafael, a escolha antecede o desenho: “O cliente já havia tomado a decisão da utilização do conjunto estrutural metálico antes mesmo de nos conhecer”. Com a experiência dos profissionais envolvidos, essa imposição técnica se transformou em conceito.
O terreno, de topografia inclinada, exigiu precisão e adaptação. O trabalho integrado entre arquitetos, construtora, equipe estrutural e topografia garantiu o sucesso da implantação. A versatilidade do sistema em aço reduziu o impacto sobre o solo e permitiu uma construção de precisão industrial concluída em apenas oito meses. A casa não nasce da terra — chega até ela suavemente, com calma e respeito.
“O conceito arquitetônico sempre foi diminuir ao máximo os pontos de apoio e o impacto sobre o solo. A casa deveria pousar, não pesar”, afirma Fábio Angelo Rafael.
Na composição da Casa do Lago, cada material desempenha um papel narrativo. O aço é mediador: sustenta a estrutura e é utilizado nas lajes em steel deck; o vidro dissolve fronteiras; e a madeira devolve o toque humano. O contraste entre a sobriedade da estrutura metálica e os elementos naturais cria um desenho que conecta razão e emoção — a arquitetura ganha vida e convive em harmonia com a paisagem.
Os balanços e planos suspensos são o ápice. “A beleza está no equilíbrio entre a lógica do funcionamento da estrutura em aço e a leveza pretendida ao descolarmos a arquitetura da base”, observa o arquiteto. As vigas trianguladas, os apoios recuados e as varandas projetadas criam uma sensação total de liberdade.
A transparência é o verdadeiro alicerce da Casa do Lago. Brises, passarelas e grandes panos de vidro dissolvem limites e constroem uma continuidade entre dentro e fora — onde o reflexo do lago se projeta sobre o aço leve. A estrutura metálica, esbelta e versátil, liberta o olhar e permite que o cerrado goiano se torne parte da arquitetura. “Por se tratar de uma casa de veraneio, o conceito sempre foi proporcionar ao usuário sensações de ambiência diferentes das que se tem na cidade”, explica Fábio Angelo Rafael.
Tudo na Casa do Lago resulta do encontro entre o industrial e o natural, o cálculo e o acaso, a estrutura e a experiência. A verdadeira beleza está na forma como a construção permite que o ambiente respire. Cada vão, cada sombra e cada reflexo revelam uma arquitetura sustentada pela precisão e guiada pela leveza. É fácil esquecer onde termina a casa e começa o horizonte.
Ficha Técnica
CASA DO LAGO CORUMBÁ IV
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