Mais um golaço da construção em aço

14/01/2021 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço

O novo estádio do Atlético-MG, a Arena MRV, está entre as maiores obras da engenharia civil em andamento no Brasil. A conclusão está programada para outubro de 2022, mas ela já é considerada um grande marco, pois apresenta soluções inovadoras e integradas ainda nunca utilizadas no País, tanto no aspecto estrutural quanto nos demais sistemas.

“O projeto da Arena MRV se viabilizou pelo uso da engenharia em seu estado de arte e será uma obra ímpar, que servirá de ‘benchmark’ para construções futuras”, analisa Fábio Leão, gerente técnico comercial da Codeme, responsável pelo projeto estrutural do empreendimento. 

O aço será empregado diretamente na construção monumental da Arena do Galo - nas fundações, estruturas de sustentação e nas peças pré-fabricadas. Segundo Fábio Leão, serão 5 mil toneladas. “Vamos usar pela primeira vez em estádios brasileiros uma solução híbrida, composta por estruturas mistas de aço-concreto e estruturas de concreto pré-moldadas”.
Para o estudo da interface entre essas estruturas, foram feitos diversos modelos matemáticos, numéricos e ensaios experimentais para a comprovação dos mecanismos de transmissão de esforço das ligações.

De acordo com a Codeme, o uso dos materiais aço e concreto foram inteligentemente selecionados e otimizados através da utilização de pórticos híbridos (estrutura metálica + concreto pré-moldado), pilares mistos tubulares (tubos de aço preenchidos de concreto armado), laje mista (steel deck incorporado à laje de concreto) e vigas mistas.

“Particularmente nessa obra, a utilização das estruturas mistas no módulo externo do estádio facilitou a introdução dos esforços oriundos da cobertura nos pilares de fachada”, analisa o gerente técnico. “O aumento de rigidez da treliça de cobertura com esse pilar proporcionou uma redução significativa dos esforços solicitantes na estrutura”.

A estrutura em aço, segundo Fábio Leão, foi projetada atendendo aos requisitos arquitetônicos, principalmente, na cobertura metálica onde a estrutura fica visível e compõe a identidade visual da Arena MRV. “As treliças de cobertura serão compostas de tubos quadrados, dando leveza e o aspecto de unidade”, conta. “O aço será utilizado também nos conectores de cisalhamento, parafusos, armaduras dos pilares mistos totalmente revestidos e a armação da laje”.

O especialista da Codeme ressalta ainda que o uso do sistema construtivo em aço nessa obra vem de encontro ao conceito de construção sustentável. “Tanto pelo baixo índice de perda e rastreabilidade de materiais na sua fabricação, bem como na baixíssima geração de entulho no canteiro”, analisa.

Fábio Leão elogia a agilidade que o sistema construtivo em aço oferece em uma obra dessa magnitude: “Quando comparado com o processo de construção convencional, moldado in loco, a utilização do aço, com lajes sem escoramentos, pode reduzir em até 50% o tempo de execução da estrutura”, garante. “A solução em aço gera diversas vantagens econômicas e de execução”. 

O projeto, que conta com um orçamento inicial de R$ 500 milhões, é assinado pelo escritório de arquitetura Farkasvolgi. “O aço está muito presente na construção da Arena MRV, pois priorizamos a rápida execução, a sustentabilidade e as formas esbeltas que só esse material proporciona”, diz Klauss Oliveira, coordenador do projeto. “O Farkasvolgi é um escritório com mais de 47 anos de experiência e a construção em aço está presente em praticamente todos os nossos trabalhos”.

 A Arena do Atlético-MG vai além de um estádio de futebol. Para Klauss, ela será versátil, multiuso e a mais moderna do Brasil. “Além da representatividade incalculável, também será a com menor custo de realização por capacidade e número de assentos”, garante.

O empreendimento está sendo construído no bairro Califórnia, zona oeste de Belo Horizonte, Minas Gerais, e terá capacidade para 46 mil expectadores. Além das arquibancadas, o projeto prevê 68 camarotes, dois lounges, 50 banheiros e estacionamento coberto com 2,5 mil vagas. A área construída é de 180 mil m2. 

O efeito “caldeirão” foi uma das exigências dos dirigentes do clube mineiro e também é um desejo dos torcedores. “Isso foi atendido no projeto: sem aberturas de escape do som e com um sistema acústico que garante a reverberação”, conta o arquiteto Klauss. “A distribuição dos torcedores no estádio era outro ponto relevante para atingir o efeito. Então, foram planejados 18 portões distribuídos por nove setores de arquibancada - quatro inferiores e cinco superiores”.

A Arena MRV contará ainda com uma reserva de Mata Atlântica e estruturas que beneficiarão a população das imediações, entre as quais esplanada com acesso livre, creche e posto de saúde. Além disso, o espaço terá áreas para atividades ao ar livre.

OS NÚMEROS DA ARENA

• 45.414 visitantes sentados (capacidade da Arena considerando número de cadeiras);
• 68 camarotes (distribuídos entre camarotes para 17 e 31 visitantes sentados);
• 2 lounges (Sul e Norte), com capacidade total para 1.900 visitantes;
• 40 bares;
• Mais de 50 banheiros públicos, com números de equipamentos que chegam a quase 850 vasos sanitários, 800 mictórios e 650 pias;
• Mais de 70 banheiros exclusivos para deficientes;
• Estacionamento com aproximadamente 2.500 vagas cobertas.

Ficha técnica

Projeto Arquitetônico: Farkasvolgi Arquitetura 
Área Construída: 180.000 m²
Aço Empregado: Predominantemente aço de alta resistência – ASTM A572 Gr.50
Volume do Aço: Aproximadamente 5.000 toneladas
Projeto Estrutura de Aço: Codeme Engenharia S.A.
Execução da Obra: Codeme/Precon
Local: Belo Horizonte, MG
Conclusão da Obra: Outubro 2022

Veja a matéria na íntegra.

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