Uma casa que gera mais do que emoção

08/09/2022 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço

Uma boa arquitetura está longe de ser uma coisa simples de fazer, mas é algo que todos entendem quando vivenciam um bom projeto, como - por exemplo - a Casa Thomé Beira da Silva, que faz referência ao sobrenome da família residente. Localizada em Curitiba, no Paraná, totalmente integrada a natureza, a residência de alto padrão foi criada pelo prestigiado escritório curitibano Marcos Bertoldi Arquitetos. 

O uso do sistema construtivo em aço, de acordo com o próprio arquiteto Marcos Bertoldi, foi a técnica mais adequada para o resultado pretendido: “Uma casa muito leve, arejada e com proporções delgadas”, explica. Foram usadas 73 toneladas do material na construção.

“A inovação do sistema metálico está relacionada à resistência do material, que permite o emprego de estruturas com proporções mais esbeltas, contribuindo para a leveza dos projetos”, avalia Marcos Bertoldi. “Outra vantagem deste sistema construtivo se reflete na facilidade do transporte e manuseio, bem como no processo de montagem das peças na obra”. 

O arquiteto afirma que é a primeira obra com estas dimensões (são mais de 1.000 metros quadrados de área construída), infraestrutura complexa e tecnologia, em estrutura metálica, para uso residencial em Curitiba. Tendo se constituído em um grande desafio para a arquitetura, engenharia e construção. “Uma obra metálica costuma ser muito exigente em compatibilizações antecipadas e de uma maneira geral é muito precisa, não aceitando imperfeições ou improvisações”, analisa Marcos Bertoldi.

Segundo ele, a casa apresenta o subsolo em alvenaria, enquanto os demais pavimentos, bem como sua cobertura, são estruturados por pilares e vigas metálicas. “O aço também é empregado em outros elementos, como a pérgula do acesso social”, conta o arquiteto responsável pelo projeto.

Quanto aos fechamentos, o bloco principal da casa, em vidro e madeira, flutua sobre duas paredes laterais revestidas em pedra moledo interna e externamente, que fazem o contraponto à leveza da caixa superior e ancoram a obra ao solo.

Os beirais, migraram da sua posição habitual na cobertura dos edifícios e foram trazidos para o primeiro pavimento da casa, como uma grande e esbelta marquise, garantindo horizontalidade à obra, além de sombreamento e proteção contra chuva nos ambientes internos.

Finalmente, ainda de acordo com Marcos Bertoldi, o prisma do pavimento superior em vidro é envolvido por trama em madeira, que por vezes avança e se descola dos painéis de vidro, formando terraços privativos, como nos quartos dos filhos, por exemplo, numa reinvenção do muxarabi, a partir de uma trama fechada de cestaria japonesa, apresentada pelo cliente. 

“A esta trama acrescentamos os vazios e as frestas dando acesso à atmosfera que invade todos os ambientes”, descreve o arquiteto.

As esquadrias da residência também merecem atenção especial. “Toda a caixilharia é embutida nas paredes, pisos e forros, em um grande esforço projetual e construtivo”, destaca Marcos. “Os grandes painéis estruturados pelo próprio vidro, e não pela caixilharia metálica como de costume, surgem com total transparência e possibilitam a abertura de grandes vãos”. 

Os vidros laminados e compostos em diferentes espessuras garantem um perfeito isolamento térmico e acústico, compatível com as exigências de códigos europeus. 

O terreno, em condomínio fechado, tem aproximadamente 1.800 metros quadrados e formato retangular. Apresenta-se como um grande plateau, com pouco caimento na sua parte não vegetada, contemplado com um bosque nativo aos fundos, que se expande além de seus limites.

“O cliente desejava uma casa que se estendesse para os jardins, onde os limites entre interior e exterior fossem abolidos, com seus principais espaços de lazer e estar implantados na mesma cota das áreas externas”, diz o arquiteto. 

Desta forma, a casa se organiza da rua aos fundos do terreno como um grande plano contínuo, passando por suas áreas internas sem um único degrau. As laterais do terreno foram escavadas para o acesso à garagem e áreas secundárias da residência. A fachada frontal está voltada para o leste e a fachada da piscina para oeste o que garante à residência uma exposição solar adequada ao cumprimento de outras demandas plásticas e funcionais pretendidas pelo projeto. 

Os espaços internos são beneficiados por um incessante jogo de luz e sombra, que se projeta em imagens variadas ao longo do dia e das estações do ano, sobre todas as paredes, pisos e elementos do projeto. A leveza é garantida pela técnica adotada e pelas esbeltas proporções buscadas no projeto.

A iluminação natural, cuidadosamente controlada e elaborada, faz desta residência um experimento sob a luz. A noite a iluminação se inverte, transformando a casa numa grande luminária, tramando luz e madeira. Ela ainda tem pé-direito duplo nas áreas de convivência a fim de permitir a entrada de insolação através dos vidros sobre a marquise.

Outro grande destaque é uma escada superespecial que está no coração da residência. Um elemento central na composição, organizando e articulando os principais setores do espaço. “A estrutura dela é em aço; com chapas dobradas de 6,35 milímetros de espessura para degraus e espelhos, e chapas de 12,70 milímetros de espessura para os corrimãos”, diz Marcos Bertoldi.

Dois tirantes presos às vigas superiores complementam o sistema e reduzem a vibração comum em escadas metálicas. O revestimento é todo em madeira e o dimensionamento mínimo das chapas permitem que as espessuras finais não ultrapassem cinco centímetros. 

Além de nos trazer emoção, a Casa Thomé Beira da Silva é extremamente bonita, funcional, leve e bem construída. Aprecie todas as fotos!

Ficha Técnica:

Casa Thomé Beira da Silva

Empresa Fornecedora da Estrutura em Aço: Pirih Engenharia
Empresa Responsável pelo Projeto da Estrutura em Aço: Projen Engenheiros Associados
Projeto Arquitetônico/Arquiteto Responsável: Marcos Bertoldi Arquitetos/ Marcos Bertoldi
Execução da Obra: Construtora Greenwood
Área Construída: 1.074 m²
Volume de Aço Empregado: 73 toneladas
Conclusão da Obra: 2020
Local: Curitiba, PR

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