06/06/2023 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço
A arquitetura é a arte de transformar espaços. Com o partido arquitetônico do Estúdio Trópico, o campo de futebol da Escola Castanheiras, no município da Santana de Parnaíba, em São Paulo, se transformou numa arena multiuso onde a vida escolar acontece. Formado por uma grande cobertura de 75 m por 28 m, o local inovador abriga agora uma quadra poliesportiva e um bloco com dois pavimentos, onde estão refeitório, cozinha, sanitários e salas de atividades complementares.
A Arena Castanheiras, como é chamado o novo espaço, apresenta uma arquitetura simples por fora, mas um espaço rico internamente, dada a volumetria da cobertura e as transparências e opacidades dos materiais utilizados.
“Gosto muito das perspectivas visuais que se têm hoje tanto da quadra, quanto do piso superior”, analisa a arquiteta Maria Cristina Savaia Martini, do Estudio Trópico. “Isso ocorre graças ao fato de termos proposto trechos do fechamento lateral em telha trapezoidal perfurada. O verde da envoltória da escola entra no campo visual, criando uma sensação muito boa naquele espaço”.
A arquiteta afirma que a estrutura da cobertura metálica foi proposta no formato shed para otimizar a iluminação e a ventilação natural. Os planos inclinados do telhado, com as aberturas voltadas para o sul, permitem a passagem dos raios solares e ventilação, sem que haja desconforto para os usuários da quadra. O fechamento das aberturas é feito com painel de policarbonato alveolar e nos trechos com ventilação, por venezianas de policarbonato.
“A implantação garantiu que as aberturas zenitais ficassem voltadas para a face sul”, diz Maria Cristina Savaia Martini. “A geometria, aliada ao uso de painéis térmicos na cobertura e nos fechamentos laterais, garantiu um ótimo resultado em conforto térmico e acústico ao espaço”.
Os fechamentos laterais estão soltos 2,30 m do piso para favorecer a ventilação natural e para garantir a permeabilidade visual do entorno. Segundo a arquiteta, estes fechamentos são compostos por telha trapezoidal, que em alguns trechos possuem 31% de perfuração, descortinando assim as vistas do entorno.
“Nos demais trechos, o fechamento é composto por telha sanduíche de 10 cm de espessura, perfurada na face interna e preenchida com lã de rocha, garantindo proteção térmica e acústica ao conjunto”, explica. “A cobertura é composta pelo mesmo tipo de telhas do fechamento lateral, porém o sistema conta com 20 cm de espessura uma vez que é o elemento que mais recebe a incidência dos raios solares”.
O bloco interno tem estrutura metálica com lajes do tipo steel deck e, de acordo com Maria Cristina Savaia Martini, conta com climatização nos seus ambientes. No térreo, abriga sanitários, refeitório e cozinha e, no piso superior, estão as salas de artes, música e teatro.
“O sistema em aço garantiu um grande vão com o uso de treliças e sheds com seções esbeltas”, analisa a arquiteta do Estudio Trópico. “Os pilares da cobertura têm seções de dimensões reduzidas (455 x 153 mm), o que foi muito positivo para o aproveitamento da arquibancada. É um material de grande potencial e, por isso, apostamos que o futuro da arquitetura será cada vez mais pensar em processos de montagem e não em processos de moldagem in loco.
O valor de qualquer projeto arquitetônico é criado na interação com o usuário, resolvendo problemas, atendendo suas necessidades, desejos e demandas. A apropriação do espaço é o verdadeiro programa. Certamente, a Arena Castanheiras integra os alunos em um ambiente acolhedor. “Os usuários da escola ficaram muito satisfeitos com o resultado final, gostaram muito do espaço, o
feedback foi muito positivo”, garante Maria Cristina Savaia Martini.
Outro ponto importante: é fundamental contar com projetos complementares de qualidade, como projeto de acústica e térmica. Nesse caso, o projeto definiu o dimensionamento do sistema termo acústico, garantindo a absorção acústica do interior e o conforto térmico.
“Isso fez toda a diferença, pois a quadra é ambientalmente confortável, não fica muito quente mesmo com as aberturas que deixamos. Sem o projeto complementar não teríamos alcançado esse resultado”, finaliza.
FICHA TÉCNICA
Arena Castanheiras
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