Saiba como pensam os líderes do bloco arquitetos

23/06/2022 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço - Edição 61

Nesta nova edição da Revista A&A, produzimos uma entrevista especial com os três fundadores do Bloco Arquitetos, um dos escritórios mais renomados de Brasília. Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco, que dirigem uma equipe de arquitetos com formações, experiências e interesses diversos, respondem - nestas páginas - diversas perguntas e falam sobre a importância da construção em aço para a arquitetura brasileira. O conteúdo é imperdível: boa leitura!

REVISTA A&A - O portfólio do Bloco Arquitetos conta com grandes obras. Como tem sido a participação dos projetos em aço frente aos outros sistemas construtivos?

MATHEUS SECO - Acreditamos que cada projeto e cada programa possui necessidades específicas e, portanto, demanda estratégias construtivas específicas também. Entretanto, percebemos que a estrutura de aço e obras com elementos construtivos industrializados metálicos vem ganhando cada vez mais espaço em nossos projetos, principalmente em projetos comerciais. Vemos que as características desse tipo de obra têm ficado cada vez mais atrativas quando nós as comparamos a processos tradicionais de construção.

O que mais inspira na hora de projetar uma construção em aço?

HENRIQUE COUTINHO - A precisão e rapidez da execução. Também nos interessa a possibilidade de utilizar a estrutura de aço em obras construídas em lugares remotos, onde poderia haver dificuldades no estabelecimento de canteiros de obras ou na contratação de mão-de-obra artesanal local.

Até que ponto a construção em aço influência no processo criativo e colabora para o projeto fugir do óbvio? 

MATHEUS SECO - Procuramos não influir diretamente de antemão na linguagem final do projeto sem conhecer as características do lugar e dos materiais que acreditamos serem mais adequados para ele. Sendo assim, quando optamos pela estrutura metálica, nós procuramos explorar características que lhe são próprias, tais como deixar expostos os detalhes construtivos de encaixes estruturais, por exemplo. A estrutura de aço também permite obter grandes vãos ou balanços com o uso de peças mais esbeltas, através de outros tipos de estruturas espaciais ou treliças estruturais. Procuramos deixar tais características visíveis em nossos projetos que utilizam a estrutura em aço. 

A arquitetura precisa gerar novas experiências? Como a construção em aço pode ajudar?

DANIEL MANGABEIRA - Acreditamos que a arquitetura sempre deve ser feita com o foco nas necessidades do ser humano. Por isso, é muito importante procurar entendê-las e pensar sobre a melhor forma de atendê-las através do projeto, seja ele qual for. A estrutura em aço permite rapidez de construção, leveza de carga para as fundações e a eventual reutilização posterior de seus elementos, entre outras características importantes. Sendo assim, o aço é um material versátil que responde muito bem a diversos tipos de situação.

Falem sobre as vantagens da construção em aço.

MATHEUS SECO - Existem diversas vantagens na construção em aço quando a comparamos com a construção convencional. Entre elas está a rapidez de execução da obra e a industrialização do processo construtivo, o que pode eliminar grande parte dos problemas quanto à precisão na execução da obra. Além disso, o processo de montagem da estrutura e eventuais fechamentos e outros elementos industrializados nos permitem ter muito menos desperdício de materiais no canteiro de obras.

A sustentabilidade é sempre um assunto importante. De que maneira a construção em aço ajuda a preservar e reduzir o impacto ao meio ambiente?

DANIEL MANGABEIRA - Uma das principais caraterísticas de uma obra com estrutura em aço é a rapidez de montagem no canteiro de obras e a redução drástica de resíduos e desperdício de material, quando a comparamos à construção convencional. Além disso, sua leveza permite construções com fundações mais simples, o que gera economia na utilização do concreto armado.

Antes e durante a pandemia parece que o relacionamento das pessoas com os espaços mudou bastante. E o que mudou na cabeça do arquiteto?

HENRIQUE COUTINHO - A pandemia mudou muito a percepção das pessoas quanto a importância da qualidade dos espaços onde elas vivem e trabalham. De certa forma, essa nova percepção nos ajuda a conscientizar clientes privados e administração pública sobre a importância do projeto de arquitetura na obtenção desses espaços. Acreditamos também que os arquitetos devem estar muito atentos às novas necessidades que as pessoas terão em relação às novas formas de trabalho remoto e habitação, por exemplo. A pandemia acelerou mudanças nos limites entre essas atividades e ajudou a “borrá-las”. Seria interessante se pudéssemos antever algumas dessas mudanças e proporcionar outras formas de nos relacionarmos com nosso ambiente construído e com a natureza através da arquitetura.

O valor de qualquer negócio é criado na interação com o usuário, resolvendo problemas, atendendo suas necessidades, desejos e demandas. Qual é a proposta do Bloco Arquitetura?

MATHEUS SECO - Nossa abordagem começa por uma tentativa de entender as especificidades de cada projeto para o qual somos solicitados, sem necessariamente partir de formas ou soluções pré-definidas. Chamamos nossa abordagem de “arquitetura de adequação”. Desta forma, o produto do nosso trabalho é resultado da interação direta entre a nossa visão e experiência com as necessidade e expectativas do nosso cliente, o que acaba por resultar em edificações funcionais, que também têm identidade própria. 

Alguns dos projetos do escritório BLOCO Arquitetos merecem destaque, como o da Casa Cavalcante, em Goiás, e o do Clube no Alphaville, em Volta Redonda-RJ. Por favor, falem livremente sobre a importância da construção em aço nesses casos específicos.

HENRIQUE COUTINHO - No caso do Clube, nós optamos pela estrutura metálica, principalmente, para atingir a expectativa do prazo reduzido para a obra, que conseguimos atender. A partir disso, nós tiramos partido da linguagem estrutural dos elementos de vigas e pilares em aço.

Já a Casa Cavalcante parte de outra necessidade que também pôde ser suprida pelo uso do material: a escassez de mão-de-obra artesanal da região para a execução de estruturas e a dificuldade de acesso ao terreno. Por isso, optamos por construir a estrutura principal de uma forma semi-industrializada, utilizando o aço. 

A estrutura da cobertura é composta por peças estruturais tubulares em aço, que foram dimensionadas de acordo com as possibilidades de transporte para peças leves em pequenos caminhões que poderiam acessar o local. A estrutura de aço coberta por telhas sanduíche foi montada em pouco tempo por uma 
equipe especializada.

A modulação e pré-fabricação dessas peças permitiu uma etapa inicial de obra que foi limpa e rápida, criando o espaço sombreado necessário para o que o restante “artesanal” da obra fosse feito de forma mais confortável para os operários. As paredes internas da casa foram construídas em tijolos de adobe por uma equipe local.

Fichas Técnicas:

Nome: Clube Volta Redonda

Projeto Estrutura de Aço: Interplanus Engenharia 
Projeto Arquitetônico / Arquiteto Responsável: BLOCO Arquitetos / Daniel Mangabeira / Henrique Coutinho / Matheus Seco
Execução da Obra: Alphaville Urbanismo
Área Construída: 1.825 m²
Volume de Aço Empregado: 68,2 toneladas
Conclusão da Obra: 2015
Local: Volta Redonda, RJ

Nome: Casa Cavalcante

Fabricante da Estrutura Metálica: Gravia 
Projeto Estrutura de Aço:  Vista Engenharia  
Projeto Arquitetônico / Arquiteto Responsável: BLOCO Arquitetos / Daniel Mangabeira / Henrique Coutinho / Matheus Seco
Área Construída: 400 m²
Volume de Aço Empregado:  5,8 toneladas
Conclusão da Obra: 2020
Local: Cavalcante, GO

 

Revista Arquitetura & Aço - Edição 61
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