Que tal uma horta vertical no Copan?

30/04/2021 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço - Edição 58

A trajetória de sucesso dos jovens arquitetos Luiz Sakata e Augusto Longarine continua. Após conquistar o primeiro lugar do 13º Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura, conforme mostramos na edição 57 da Revista Arquitetura & Aço, a dupla venceu também o Prêmio Alacero 2020, voltado para estudantes latino-americanos. Os alunos da USP (FAUUSP) apresentaram novamente o belíssimo projeto “Arquitetura que Não Toca o Chão”, orientado pelo professor Luciano Margotto.

“Os prêmios do CBCA e do Alacero são os mais importantes da América Latina”, avalia Luiz Sakata. “Para nós estudantes, é sempre uma honra poder fazer parte do seleto grupo de vencedores brasileiros e da América Latina”. Segundo ele, os concursos de arquitetura instigam os estudantes a pensar além do convencional, trazendo propostas sempre muito bem colocadas e inovadoras a âmbito nacional e internacional.

O projeto prevê uma horta urbana no edifício Copan, assinado por Oscar Niemeyer, localizado no centro de São Paulo e um dos maiores complexos residenciais do mundo. “Ele (o projeto) defende o adensamento urbano como indispensável para a sustentabilidade da ocupação humana no planeta”, diz Sakata. “Propõe a conversão de espaços residuais e sem função social em oportunidades de produção de arquitetura e uso da cidade em sua plenitude”.

Segundo Sakata, a proposta é instalar uma horta vertical cujos insumos básicos para a produção (água, adubo orgânico e biogás) provém do próprio edifício ‘hospedeiro’. “A produção é escoada ao mercado vertical anexo à outra empena e o edifício transforma-se em um percurso público, entre o térreo urbano e um dos mirantes mais altos de São Paulo”, explica. “Mais do que uma proposta isolada, trata-se de um sistema passível de replicação: solução de vida sustentável para a cidade do século XXI”.

A comercialização do que seria produzido na horta do Copan, aconteceria através de um mercado próprio, localizado no prédio vizinho e ligado ao Copan por meio de três passarelas. O acesso ao terraço do edifício, que tem uma das melhores e mais altas vistas de São Paulo, também foi previsto no projeto que, além das escadas, conta com elevadores de forma a garantir acesso universal a todos os pavimentos públicos.

A ideia dos jovens brasileiros também sugere a instalação de módulos parasitas, a partir de determinada altura do edifício. Assim, são gerados novos espaços, que podem servir como galerias de arte, áreas de lazer e até mesmo escolas, por exemplo. Esses locais poderiam ser custeados pela prefeitura, pelo setor privado ou pelo próprio condomínio.
Para Augusto Longarine, parceiro de Sakata, o sistema construtivo em aço foi indispensável para o projeto. “De fato, como os editais dos concursos pediam, esse edifício só poderia ser construído em aço!”, avaliou. “E por que? Porque é um edifício parasita, um edifício que não toca o chão. Dada essa necessidade, nós precisávamos de uma estrutura muito leve, e essa é uma das maiores qualidades da construção industrializada em aço”.

A proposta dos alunos da USP, de acordo com Longarine, explora o aço além dos vãos colossais e das arquiteturas faraônicas. “Um edifício em aço pode ser sutil e elegante, mas ao mesmo tempo ousado”, opina. “Mais do que benefícios ecossistêmicos e sustentáveis para o edifício hospedeiro, esse projeto gera também benefícios sociais: é um edifício de fácil leitura, um edifício compreensível aos olhos de toda a cidade”.

Ao “escancarar” a estrutura e os detalhes construtivos, segundo Sakata, o projeto expõe claramente o método construtivo em aço, ajudando a construir um conhecimento para a comunidade. “Os cidadãos passam a ver o edifício não como um bloco inerte, estático, mas como oportunidade de conhecimento”, analisa. “Assim, parafraseando os arquitetos franceses Lacaton & Vassal, o ordinário se torna extraordinário”.

A construção em aço representa, além dos benefícios já citados, liberdade criativa para os jovens arquitetos. “Oferece uma série de vantagens, frequentemente, almejadas pelos arquitetos: versatilidade, racionalidade, precisão, tudo isso somado a uma grande resistência estrutural”, garante Longarine. “A autonomia que o material nos confere quanto a peças, seções e componentes estruturais é imbatível”.

Por isso, tanto Sakata quanto Longarine consideram fundamental o contato com a construção em aço durante a formação acadêmica dos estudantes de arquitetura e engenharia civil. E não poupam elogios ao trabalho que o CBCA realiza no Brasil. “A entidade tem um papel essencial na promoção do uso do aço, oferecendo cursos, palestras, congressos e concursos. Assim, todos os estudantes conhecem a extrema importância da utilização do aço nas nossas cidades”, avalia Sakata.

O Concurso do CBCA é, na visão de Longarine, o maior, o mais técnico e o mais concorrido concurso de estudantes de arquitetura do Brasil. “Os projetos premiados, frequentemente, atingem alto nível de desenvolvimento, com representantes nos mais variados estados da federação”, afirma. “O concurso promove, anualmente, uma efervescência de ideias e de soluções construtivas nos mais variados temas, incentivando e promovendo o conhecimento do sistema construtivo em aço nas jovens gerações de arquitetos”.

 

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