Não é magia, é pura engenharia

22/09/2022 | Notícia | Revista Arquitetura & Aço

Com 91 metros de altura, 82 metros de diâmetro e pesando 700 mil quilos, a maior Roda Gigante da América do Sul, a ‘Roda São Paulo’, está sendo construída em uma área de conveniência integrada ao parque Cândido Portinari, ao lado do parque Villa-Lobos, na zona oeste da capital paulista, abrigada em uma área de 4,5 mil metros quadrados. O local possui fácil acesso, com linha de trem conectada ao metrô, ônibus, além de ciclovias. A expectativa é receber entre 600 mil e um milhão de visitantes por ano.

Mais que um ícone da cidade, será um novo motor de desenvolvimento, um agente de transformação, contribuindo para o projeto de revitalização da região do Rio Pinheiros. “A Roda São Paulo é um marco no progresso urbano e turístico, mostrando a capital de um ponto de vista privilegiado, unindo a paisagem urbana e as belezas naturais do Rio Pinheiros e dos parques”, analisa Marcelo Mugnaini, Diretor de Operações da Roda São Paulo.  

É importante ressaltar que a iniciativa nasceu de uma parceria do Governo do Estado de São Paulo com a empresa São Paulo Big Wheel (SPBW), classificada através de chamamento público. Vale lembrar ainda que, de acordo com o contrato firmado, haverão ações e tarifas sociais para que comunidades do entorno usem o espaço.
O sistema construtivo em aço é muito importante para o projeto – mais de 1000 toneladas do material estão sendo utilizadas na construção. A maior parte desse volume é de chapas de 22 milímetros de espessura para a execução das colunas. A roda gigante está sendo montada em etapas, item a item, visto que pela sua estrutura estaiada ela necessita de uma sequência de montagem. 

“O equipamento é dividido em sete partes: as colunas principais; duas colunas inclinadas, que servem de apoio para uma das colunas principais; os atirantamentos de uma das colunas principais; eixo; suportes temporários; cabos; e aro”, descreve Róger Oliveira, engenheiro da Compacta Sul, empresa responsável pela construção da Roda São Paulo.

Uma curiosidade: como o aro veio da China e desembarcou no Brasil pelo porto de Itajaí, em Santa Catarina, só para o transporte da estrutura metálica até São Paulo, foram necessárias 52 carretas, processo que levou cerca de 15 dias. 

Róger Oliveira conta que foram executados seis blocos para as fundações, sendo quatro deles com dimensão de sete metros de comprimento, por sete metros de largura e 4,20 metros de altura. “Nesta etapa, foram usados mais de mil metros cúbicos de concreto e quase 90 toneladas de aço”, diz o engenheiro.

Depois das fundações prontas, a equipe trabalhou na execução do prédio principal, com estruturas metálicas montadas in loco. “Com cerca de 850 metros quadrados, o prédio dará acesso aos passageiros que irão embarcar e desembarcar da roda”, diz Róger Oliveira. “Além disso, ele abrigará a parte administrativa, banheiros, depósito, loja de souvenir, entre outras, além de contar com escada e elevadores”.

Após a chegada de todas as peças e das 42 cabines em aço, foi iniciado o processo de montagem. Foram erguidas as primeiras sessões de 12 metros das duas colunas principais. Depois, foram montadas as três sessões restantes das colunas principais no chão, modularmente, e – posteriormente - erguidas. Assim, foram preparadas as duas colunas inclinadas no solo, que contemplam cinco sessões, atingindo aproximadamente 60 metros. 

O engenheiro Róger afirma que erguer o eixo da roda foi um dos momentos mais desafiadores para a equipe. “Foi o maior içamento da história de São Paulo feito por um guindaste rodoviário”, garante. “O guindaste chegou a uma carga de 101 toneladas e posicionou o eixo da roda a 50 metros de altura”.

As próximas etapas foram a montagem dos aros da roda e a colocação das cabines. Paralelo a isso, outras equipes da construtora continuaram trabalhando na execução do prédio principal. A Roda São Paulo terá 42 cabines de observação para até oito pessoas, todas com ar-condicionado, monitoramento por câmeras, interfones e wi-fi. Também há iluminação cênica, projetada para interagir com a maior cidade do Brasil.

A Roda São Paulo é um excelente exemplo de estrutura de armação. Seu design de aço forma um “A”, com pernas inclinadas para garantir a estabilização em uma das colunas principais. “Em contrapartida, em outra coluna principal, foi utilizado estaiamento pela limitação de espaço, mas fazendo a mesma função das colunas inclinadas. Os cabos que fazem o estaiamento estão ancorados no topo da estrutura e na fundação”, descreve Róger Oliveira. “O ângulo de inclinação é de 22 graus”.

O equipamento é muito parecido com a roda de uma bicicleta. Ela possui um eixo e um cubo. “É o mesmo tipo de tecnologia presente em rodas gigantes icônicas, como a Ain Dubai (210 metros de altura), High Roller (167 metros, em Las Vegas), Singapore Flyer (150 metros) e a London Eye (135 metros)”, compara o diretor de operações Marcelo Mugnaini.  

Ele afirma que a Roda São Paulo é do tipo estaiada, composta por um aro estrutural e suportada por estais, que são cabos de aço. “Esse tipo de estrutura permite a construção de rodas gigantes de grandes diâmetros, com elevada permeabilidade visual, melhor integração à paisagem e menor risco a pássaros”. Detalhe: 84 raios fazem a sustentação do grande aro. 
Tudo foi muito bem planejado e calculado. Para garantir que não haja atraso entre o giro do aro e o giro do fuso, por exemplo, há um rolamento do eixo, programado para ter uma velocidade de 0,7 km/h. 

Durante a obra, diariamente, foram feitos monitoramentos e avaliações de segurança. “Existiu um check-list para ser para ser cumprido durante a operação de construção da roda gigante e todos os seus componentes estruturais e funcionais têm periodicidade de revisão”, alerta Marcelo Mugnaini. 
“Inclusive, a própria excentricidade da Roda é medida para que possamos garantir que a sua estrutura está dentro das tolerâncias, e os estais e os cabos estão funcionando corretamente”, completa.

O diretor de operações garante também que toda a estrutura é pintada com uma tinta especial, inclusive com todas as proteções necessárias contra intempéries. “Este produto garante a durabilidade e a proteção da pintura da Roda, especialmente no que diz respeito à conservação da estrutura metálica”.

Há cálculos precisos demonstrando que o equipamento suporta ventos fortíssimos. “Também é extremamente resistente às chuvas, raios e trovões, porque possui todo o sistema de para raio para absorver uma eventual descarga de energia”, garante Marcelo Mugnaini.

O engenheiro Róger Oliveira reforça: “Ela também tem um projeto de Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA), que conta com ligações das fundações da roda com o prédio de suporte.

Os motores da Roda São Paulo são elétricos, montados sobre o suporte, na base do equipamento. Existem motores em cima e embaixo da pista de rodagem, que fazem o movimento de rotação da roda gigante. A cabine de comando fica no prédio principal, ao lado da plataforma de embarque.

A maior roda gigante da América Latina é um projeto de grande complexidade, um show magnífico de engenharia, uma nova opção de lazer, uma estrutura de observação maravilhosa e já tem tudo para se transformar em um novo cartão postal paulistano.

Ficha técnica

Roda São Paulo 

Empresa Responsável pelo Projeto da Estrutura em Aço: Compacta Sul Construtora e Engenharia 
Execução da Obra: Compacta Sul Construtora e Engenharia 
Área Construída: 4.500 m²
Volume de Aço Empregado: 1.000 toneladas
Conclusão da Obra: 2022
Local: São Paulo, SP

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