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Existe sempre uma história interessante por trás de um projeto arquitetônico de sucesso. Quem enaltece a beleza da Casa Cigarra não imagina as dificuldades, os desafios, os bastidores e as soluções do projeto. Nesta edição, a equipe da Revista Arquitetura & Aço conversou com Fernando Forte, do escritório FGMF Arquitetos. Ele conta tudo e garante que o sistema construtivo em aço foi fundamental.

“Não seria possível alcançar o partido arquitetônico, a organização e a composição desta obra com outro sistema”, afirma o arquiteto. “O uso de estruturas de aço nos traz benefícios nos quesitos velocidade da obra, redução de resíduos, uso de material reciclável, precisão e uso de sistemas secos. Nessa obra, em específico, os benefícios estão na questão de vãos e balanços, além da leveza e transparência, que seriam impossíveis de conseguir com outro material.”

É essencial destacar, logo no início, que a Casa Cigarra ganhou notoriedade e virou uma referência para o mundo inteiro. Na categoria Residência, foi premiada no “Global Future Design Awards 2020”. Além disso, ganhou destaque nos principais sites e revistas especializadas, como a inglesa “Wallpaper”, por exemplo.

Localizada em um condomínio de alto padrão, em Porto Feliz, interior de São Paulo, a casa divide-se em dois níveis. “Decidimos realizar uma ocupação ‘invertida’, com quartos embaixo e lazer acima”, conta Fernando Forte.  Segundo ele, foi uma excelente oportunidade para trabalhar contraste entre setorização proposta com sistemas estruturais e materiais utilizados.

O nível inferior abriga cinco suítes, sala íntima, lavanderia e garagem, constituindo um volume denso, onde as aberturas são escavadas de maneira precisa. No superior, que é o nível de acesso das pessoas, dois volumes leves em estrutura de aço e vidro pousam delicadamente sobre o maciço embasamento. Há os espaços sociais e de lazer: sala, hall, varanda, cozinha, piscina, churrasqueira e local para comer.

“O sistema estrutural de toda a porção superior foi realizado em aço, assumindo a estética do material, funcionando como uma ponte na entrada, proporcionando imersão na vista e nas árvores lindeiras ao lote”, diz o conceituado arquiteto. “E o mais importante: o aço oferece uma sensação de leveza, o volume ficou mais diáfano, transparente, imerso na vista, exatamente ao contrário do volume que serve de base”.

O aço também ajudou a reduzir os impactos ao meio ambiente. O projeto possui brises, inércia térmica na área íntima, reuso de água, aquecimento solar, construção seca parcial e cuidados com eficiência térmica. “Muito disso é alcançado pelo uso consciente do sistema em aço, que é em geral um dos sistemas mais sustentáveis. 
Para atingir o sucesso, há muito trabalho. “As peculiaridades do lote foram um grande desafio: um terreno de esquina, em declive, com uma mata densa no fundo (embaixo)”, diz Fernando.

“Somado a isso, os belos visuais dessa vegetação, a partir do trecho superior, condicionaram o ponto de partida de um projeto cujo acesso se daria pelo nível superior. Detalhamento da estrutura de aço, o cálculo para o balanço frontal e detalhamento de impermeabilização foram desafios que também demandaram muita atenção”.

Ficha Técnica:

Fabricante da Estrutura Metálica / Projeto Estrutura de Aço: MCC Estruturas Metálicas 
Projeto Arquitetônico / Arquiteto Responsável: FGMF Arquitetos / Fernando Forte
Execução da Obra: FGMF Arquitetos e Foz Engenharia
Área Construída: 782,00 m²
Volume de Aço Empregado: 39 toneladas
Conclusão da Obra: 2019
Local: Porto Feliz, SP

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