Notícias

A Pinacoteca de São Paulo, o museu de arte mais antigo do Estado, inaugurou um novo espaço: a Pina Contemporânea. Este projeto visa integrar a modernidade com a história, resultando em um ambiente culturalmente rico e arquitetonicamente deslumbrante. A nova edificação, somando-se às já existentes, consolida o museu como um dos maiores da América Latina, abrangendo 22.041 m² e com capacidade para receber mais de um milhão de visitantes anualmente.

No projeto, foram mantidos dois edifícios já existentes, que formavam uma escola pública, que se mudou para outro espaço no mesmo bairro. Os edifícios eram de épocas distintas: um mais antigo, atribuído ao escritório de Ramos de Azevedo e outro mais moderno, da década de 1950, de autoria do arquiteto Hélio Duarte.

A arquiteta Paula Zasnicoff, uma das responsáveis pelo projeto da Pina Contemporânea, explica que a principal dificuldade foi impulsionar a integração dos edifícios históricos com os novos volumes arquitetônicos. “Promover a integração de um conjunto de edificações tão diferentes constituiu- se no principal desafio”, conta. A solução encontrada foi a criação de uma praça no nível térreo, conformada por três níveis de uso: a Grande Galeria no subsolo, um mezanino no nível superior, e uma nova cobertura iluminada.

Paula Zasnicoff também reforça a importância de preservar os bens tombados durante a implantação do novo museu. “A consideração das estruturas existentes guiou a integração do novo museu com o Parque da Luz, seus acessos, sua ligação com a Pinacoteca e áreas ao redor”, diz a arquiteta. A construção de um espaço público aberto de conexão urbana foi essencial para articular os diversos volumes que constituem a Pina Contemporânea.

A criação de áreas flexíveis para exposições internas e externas foi um dos principais objetivos do programa. “Buscamos o desenho de espaços com flexibilidade e indeterminação programática para ampliar as possibilidades de exposições e de usos”, explica Paula Zasnicoff. A Galeria Praça e a Grande Galeria foram projetadas com uma lógica estrutural que permite a divisão do espaço de formas diversas, acolhendo diferentes montagens expográficas sem perder a identidade do espaço.

A engenheira Heloisa Maringoni, responsável pelo projeto estrutural, destacou os desafios e as soluções inovadoras adotadas. “O projeto da Pina integra diversos elementos estruturais com uma ousada proposta arquitetônica, que demandava uma variedade de materiais. A cobertura de madeira, por exemplo, foi escolhida para criar referências visuais ao jardim, da Luz, imitando a copa e o sombreamento das árvores”, explica. 

A combinação de madeira laminada colada e aço foi essencial para a sustentabilidade e funcionalidade do museu. “A utilização de sistema de vagonamento foi estrutural, viabilizando os grandes vãos”, acrescenta
Heloisa Maringoni.

Um dos principais fundamentos do programa foi a criação de um eixo de articulação urbana, que conecta o Parque da Luz à Rua Ribeiro de Lima, reconstituindo a ideia do pátio escolar original.

“Esta praça de caráter público configura um ‘eixo urbano’, um espaço aberto que tem caráter de conexão e de estar, aos modos de uma nova praça interna”, revela Paula Zasnicoff. A praça pública coberta e o pavilhão da Galeria Praça foram desenhados para proporcionar uma continuidade visual e física com o parque, estabelecendo uma nova experiência de visão integrada.

A engenharia Heloisa Maringoni desempenhou um papel crucial na criação de espaços com grande flexibilidade e integração visual. “A metálica é responsável pela estruturação do grande terraço sobre a praça, permitindo a liberdade dos vãos e balanços sobre duas linhas de pilares que mimetizam troncos de árvores”, avalia.

A estrutura metálica leve também foi essencial para reduzir o tempo de obra e o impacto de sua montagem, assegurando a potencial reversibilidade, fundamental para intervenções em bens tombados.

Além disso, o uso de sistemas metálicos ajudou a preservar e realçar os bens tombados do projeto. “Houve menor interferência com os elementos existentes, tanto nas cortinas de perfis metálicos quanto na execução de pórticos para estabilizar as paredes longitudinais do edifício, permitindo a remoção das paredes transversais e atendendo às necessidades do centro de documentação e da biblioteca”, relata Heloisa Maringoni.

A construção da Pina Contemporânea foi possível graças a uma combinação de recursos do Governo do Estado de São Paulo, que investiu R$ 55 milhões, e de patrocinadores privados captados pela APAC, incluindo a contribuição de R$ 30 milhões da Família Gouvêa Telles. O projeto foi assinado pelo escritório Arquitetos Associados em parceria com Silvio Oksman, em diálogo constante com as equipes do museu. Foi concebido para integrar respeitosamente o novo edifício ao centenário Parque da Luz e aos tradicionais bairros do Bom Retiro e da Luz, criando um ambiente culturalmente rico e acolhedor para a comunidade.

A Pina Contemporânea marca uma nova era para a Pinacoteca de São Paulo, consolidando-se como um dos maiores e mais inovadores museus de arte da América Latina. A integração harmoniosa entre os novos volumes arquitetônicos e os edifícios históricos existentes, aliada às soluções sustentáveis e à criação de espaços flexíveis e acolhedores, proporciona uma experiência cultural única e memorável para todos os visitantes.

O projeto é um testemunho do poder da colaboração e da visão compartilhada, celebrando a rica história e o vibrante futuro da arte e da arquitetura brasileira.

FICHA TÉCNICA

Pina Contemporânea

>  Projeto Arquitetônico/ Arquiteto Responsável: Arquitetos Associados/ Alexandre Brasil, André Luiz Pradro, Bruno Santa Cecília, Carlos Alberto Maciel, Paula Zasnicoff Cardoso e Silvio Oksman
> Fabricante da Estrutura em Aço: Estruturas Metálicas Python
> Execução da Obra: Afonso França
> Empresa Responsável pelo Projeto da Estrutura em Aço: Companhia de Projetos/Heloisa Maringoni e Tomas Vieira de Lima
> Área Construída: 6.144 m²
> Volume de Aço Empregado: 98 toneladas
> Conclusão da Obra: 2023
> Local: São Paulo, SP

Leia na íntegra